Magia (do grego mageia), é a arte de perceber e moldar as forças sutis e invisíveis que fluem através do universo, de despertar níveis mais profundos de consciência além do racional.
Baixa magia ou simpatia – Envolve práticas folclóricas, com rituais simples e pouca necessidade de instrumentos que não sejam naturais.
Alta magia ou magia cerimonial – Envolve rituais coreografados, instrumentações específicas e simbologias sofisticadas.
Existem diferentes sistemas mágicos: catolicismo, umbanda, bruxaria, xamanismo, magia do caos, hermetismo, vodoo, etc.
A definição ocidental é de a religião ser um “religare” em latim “re-ligio” que significa “ligar de volta” ou “atar”.
Uma religião possui dogmas e práticas considerados necessários para conexão entre o mundo físico e o plano das divindades.
Fé
A palavra fé (do latim fide) significa algo semelhante a crer, acreditar e confiar. Ter fé é acreditar que algo seja verdade, mesmo que não se tenha provas concretas e verificáveis que comprovem que a hipótese é real.
A pessoa que tem fé entende a lógica conceitual da fonte que transmite uma ideia e então confia nela. Na maioria dos casos, quando se fala em fé, significa que a ideia transmitida não é possível ser testada por experimentos porque oferece sentido emocional, sentimental e psicológico que vão além do concreto.
Ateísmo
É a crença de que não existem deuses.
Agnosticismo
É a crença de que o ser humano é incapaz de saber se existe ou não deuses. Mesmo que elas existam de fato, elas são muito além da nossa compreensão.
Teísmo
É a crença na existência de um deus ou vários deuses.
Monoteísmo – Crença da existência de apenas um deus ou deusa.
Politeísmo – Crença da existência de diferentes deuses.
Duoteísmo – Crença da existência de apenas um casal de deuses.
Monolatrismo
Monolatrismo (do grego μόνος “único” + λατρεία “adoração”) é o culto exclusivo ou quase exclusivo de apenas uma divindade, reconhecendo a existência de outros deuses. Em tempos muito antigos, o faraó egípcio Akhenaton estabeleceu uma monolatria com a adoração de Aton, o disco solar. Muitos povos modernos que seguem as tradições do Ællinismόs (Hellenismo; Gr. Ἑλληνισμός), a antiga religião grega, praticam uma forma de monolatrismo; eles irão, por exemplo, centrar todo o seu culto em Ártæmis (Artemis; Gr. Ἄρτεμις) ou Ærmis (Hermes; Gr. Ἑρμῆς). Uma forma mais estrita de monolatria era praticada no antigo Israel, onde, embora outras divindades fossem reconhecidas, aos judeus era permitido o culto de apenas uma; no século 6 AEC, o judaísmo tornou-se um monoteísmo completo, negando a existência de todos os outros deuses.
Imanência
É a ideia de que a energia divindade emana de dentro de nós para o mundo.
Transcendência
É a ideia de que a energia da divindade existe independente de nós e são superiores ao mundo material e suas leis físicas. Não é limitado pela sua criação.
Animismo
É a ideia de que todos, inclusive não-humanos, possuem essências divinas, espírito ou alma.
Deísmo
O Universo foi criado por uma inteligência superior (que pode ser Deus ou não).
Monismo – É a ideia de que todos somos partes de um todo único.
Panenteísmo – É uma prática de que Deus é imanente, sendo a alma do universo, presente em todas as criaturas e ao mesmo tempo transcende todas elas.
Panteísmo – É a prática de que as divindades estão presentes em todas criaturas, inclusive em nós mesmos.
Pandeísmo – É uma prática une conceitos do panteísmo e deísmo. O deus seria o criador do universo e o universo.
Xenía, Kharis e Eusebia
Todos esses termos são provenientes da prática do helenismo, mas considero fundamentais ao seu aproximar de qualquer divindade.
Xenía (do grego ξενία, hospitalidade) é um conceito do helenismo que fala sobre o espírito da hospitalidade. É o princípio do “do ut des”, “eu dou, para você poder dar”. Não confunda com um suborno para ter algo em troca. Na realidade é um sinal sincero de reciprocidade para as divindades, uma vez que é reconhecido de que os deuses nos dão tudo para sobrevivermos, também vou retribuir com essa generosiade. Esse conceito também se aplica a outras pessoas, uma vez que temos que tratar os outros com o mesmo respeito de que desejamos ser respeitados. Trata-se também de não negar ajuda quando podemos ajudar. É sacrificar uma atividade fútil para conseguir ajudar uma instituição de caridade ou de proteção ambiental, por exemplo.
Kharis (do grego xάρις, reciprocidade) é a prática real de engajamento em um culto para um deus pela piedade (grego: Eusebia, latim: Pietas). Honramos e respeitamos os deuses pelo que eles são e significam para nós. São feitas honras apropriadas em momentos apropriados. Os deuses são merecedores de culto e sacrifício simplesmente porque eles são responsáveis por tudo ao nosso redor e pela nossa existência.
As nossas oferendas não tem valor para os deuses, porque eles não dependem delas para existirem. Ao fazermos uma oferenda é uma forma de demonstrarmos nossa gratidão a eles, por isso, eles se alegram ao recebê-las. Através das oferendas criamos um contato maior com a divindade, aumentando as chances de sermos respondidos e atendidos. A aproximação dos deuses traz um benefício para nós.
A partir do ponto que implementamos esses conceitos nas nossas relações com as divindades, não corremos o risco de entrar na prática desrespeitosa de tratar as divindades como servidores ou deuses-de-prateleira. Não podemos consultar um deus apenas quando estamos precisando de algo cotidiano. Não podemos agir como se eles fossem apenas um ingrediente de um feitiço. Não podemos criar práticas rasas onde só sabemos o nome deles e a cor correspondente. A aproximação com as divindades requer um contato profundo e dedicação constante de práticas e estudos.
Paganismo e Neopaganismo
Esse termo já foi usado para nomear qualquer prática religiosa não-cristã. Sendo chamado de pagão aqueles que seguem religiões pré-cristãs centradas na natureza e com festivais agrícolas como solstícios e equinócios.
A palavra pagão vem do latim “paganus” (vindo do campo) que se opunha a “urbanus” (vindo da cidade).
Não existe apenas um paganismo, cada local possui o seu conjunto de práticas.
O neopaganismo um resgate de práticas religiosas pré-cristãs com adaptações para a modernidade. A adição do “neo” foi devido a criação de novas práticas que não eram realizadas na antiguidade.
Do inglês “New Age”, também conhecida como Nova Era, Era de Aquário, Conspiração Aquariana, Nova consciência, que teve o seu auge nas décadas de 1980 e 1990.
As práticas dos adeptos da Nova Era eram chamadas de “esotéricas” e inclui um grande leque de práticas holísticas de aperfeiçoamento do self.
Os praticantes acabam caindo no estereótipo do jovem místico, uma vez que realizam práticas sagradas para muitos caminhos espirituais sem a preocupação no aprofundamento nelas.
Exemplos: estudo de chakras, cristais, meditação, etc.
Conceito amplo que muitas vezes é usado como sinônimo de bruxaria. A feitiçaria se baseia na pressuposição de que o cosmo é um todo e de que, portanto, existem ligações ocultas entre todos os fenômenos naturais.
O feiticeiro tenta através de feitiços e sortilégios influenciar essas ligações a fim de alcançar resultados práticos que ele está desejando. É uma ação física a fim de produzir outra. Pode incluir ou não espíritos e divindades.
Suas práticas são transmitidas oralmente e são características.
Conceito amplo que muitas vezes é usado como sinônimo de feitiçaria, curandeirismo. Alguns restringem a bruxaria a prática de rituais de conexão com a natureza. Nessa perspectiva, você pode ser um bruxo que não faz feitiços. Pode incluir ou não conexões com deuses.
Existem diferentes vertentes de bruxaria: bruxaria natural, bruxaria alquímica, wicca/bruxaria moderna, bruxaria tradicional, etc.
Estudo dos conhecimentos ditos ocultos, secretos. Estudantes de ocultismo normalmente são iniciados em ordens ou fraternidades onde seus conhecimentos são revelados apenas aos seus membros. Possui muita influência da teosofia, magia cerimonial, hermetismo, alquimia e cabala.
Exemplos de ordens: “Hermetic Order of the Golden Dawn”, “Ordo Templi Orientis”, Maçonaria e Rosa-Cruz.
Exemplos de ocultistas ocidentais: Éliphas Lévi, Helena Petrovna Blavatsky, Papus, Aleister Crowley, Rudolph Steiner, Joan Grant, Edgar Cayce e Alice Bailey.
Wicca
Também chamada de Bruxaria Moderna, Arte, A Antiga Religião, etc.
Ela é uma vertente religiosa da bruxaria.
Religião contemporânea baseada em práticas montadas a partir de crenças pessoais e subjetivas de Gerald Gardner (1884-1964) que tinha afinidade com diferentes religiões e práticas do Ocultismo Ocidental.
Fundada na Inglaterra em meados do século XX.
Possuem um Deus Cornífero e a Deusa Tríplice como divindades principais; seguem a Roda do Ano; e possuem um sistema iniciático.
É uma religião sem livro sagrado, autoridade central e definição estática do que é ser um praticante. Com isso, foram surgindo covens e tradições diversas que possuem seus próprios conjuntos de regras e práticas.
Reconstrucionismo
Método pós-moderno que visa resgatar as práticas religiosas de povos antigos e fazer adaptações dessas práticas na atualidade.
Existem diferentes reconstrucionismos, entre eles:Helenismo (práticas da Grécia Antiga);
Kemetismo (práticas do Egito Antigo);
Ásatrú e Odinismo (práticas dos povos germânicos);
Druidismo (práticas dos povos celtas);
Stregueria (práticas de bruxaria italiana);
Conclusões
A bruxa pode encarar a sua prática como religiosa ou não. Pode praticar feitiçaria ou não. Pode incluir divindades ou não. Inclusive é possível terem bruxas atéias que concentram sua conexão apenas com a natureza.
Você pode ser feiticeiro sem ser bruxo.
É muito difícil separar a prática de magia da prática religiosa. Normalmente a religião é uma forma de conexão com seres sobrenaturais com a finalidade de obter mudanças na realidade, seja por orações ou rituais.
A bruxa pode participar ou não de ordens ocultistas.
Nem toda bruxa é da Wicca, mas todos os wiccanos também se consideram bruxos por ser uma vertente da bruxaria.
A bruxa pode ser adepta de diferentes panteões em simultâneo. Assim como a bruxa pode ser adepta de um panteão específico sem praticar o reconstrucionismo.
Atenção!
Não pense que é algo simples, onde uma pessoa é isso ou aquilo. Não existe o certo ou errado, cada bruxa vai ter uma relação particular com a(s) divindade(s). É importante conhecer os termos para conseguirmos conceituar o que estamos sentindo e podermos organizar nossos pensamentos, mas eles são puramente arbitrários.
No meu caso, sou politeísta e pratico uma monolatria porque acredito na existências de diferentes deuses, inclusive de diferentes pantões, mesmo que meu culto seja focado em Perséfone. Eu acredito que os deuses são transcendentes, mas que também estão presentes em nós, como no panteísmo. Eu também sou animista, portanto acredito que ervas e cristais possuem uma essência divina. Eu posso co-criar a minha realidade junto das divindades.
Adoração aos deuses gregos
Não existe uma ligação direta entre o helenismo e a bruxaria. Podem ser tratadas como práticas independentes. Cada caminho possui seus códigos éticos, práticas, tradições e história independentes.
A adoração dos deuses é frequentemente incorporada nas práticas religiosas neopagãs como a bruxaria e suas vertentes.
Se você realiza uma prática devocional com o panteão grego, você pode optar por seguir os paradigmas da bruxaria ou do reconstrucionismo helênico.
Na perspectiva da bruxaria, você se aproxima das divindades gregas a partir de seus mitos, cultura grega, além de suas práticas poderem ser inteiramente criadas pelo adepto sem nenhuma conexão com ritos antigos.
Na perspectiva do reconstrucionismo helênico, busca-se adaptar as práticas dos povos helênicos na sua rotina devocional. Mesmo que sua devoção se concentre em uma divindade, é importante incluir as demais práticas de culto doméstico e cívico. Além disso, muitos helenos consideram a bruxaria como tabu e produtora de miasmas (impurezas), como a necromancia.
Você também pode estudar ambas as perspectivas e personalisar a sua prática com aspectos que fazem sentido para você em cada um dos caminhos.
O devoto sentiu um chamado por uma divindade (ou várias) ou busca ela por afinidade. O devoto pode se concentrar em apenas uma divindade ou ter várias de igual conexão.
O devoto estuda os mitos que envolve a divindade, a sua iconografia, história, arqueologia, antropologia e as práticas religiosas primitivas sobre essa divindade.
O devoto possui práticas de conexão eventuais, orações, criação de altares específicos, oferendas e libações para essa divindade. Você realmente cria um relacionamento com a divindade.
Para ser devoto, você não precisa ser sacerdote.
II) Sacerdócio
O sacerdote é fruto de muito estudo de especialização em todos os aspectos da divindade em questão. Ele também opta por auxiliar a comunidade com serviços espirituais, sendo um representante da divindade.
O sacerdote oferece aulas e ensinamentos sobre a divindade em questão, realiza aconselhamentos dos devotos, oferece leituras oraculares, realiza iniciações em práticas devocionais, fica responsável por rituais coletivos e ritos de passagem.
Dependendo do caminho espiritual, podem ter regras ou processos específicos para se tornar um sacerdote.
Referências
Araújo, K. F. P. (2020). Wicca, religião e natureza: bruxaria e espaços sagrados no Brasil. Dissertação (mestrado) – Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Programa de Pós-Graduação em História, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2020.
Starhawk. A dança cósmica das feiticeiras. Nova Era, 1997.
Russel, J. B. e Alexander, B. História da Bruxaria. 2 ed. São Paulo: Aleph, 2019.