Rituais & Feitiços

Dança e Música

Introdução

  • A dança e música são técnicas importantes para se atingir o êxtase ritual.
  • A linguagem corporal por si só já produz efeitos. Sabemos se uma pessoa está feliz, triste, raivosa, apenas de olhar suas expressões. Então, na prática de magia, podemos usar nossos corpos para demonstrar a nossa intenção, nossa confiança, nossa reverência.
  • A música e a dança estão entre os atos mágicos e religiosos mais antigos da civilização. A dança é usada para aumentar a energia, assim como para facilitar a sintonia com as divindades da natureza.
  • A música e a dança podem gerar um envolvimento verdadeiro com o ritual e, portanto, aproximá-lo da Deusa e do Deus.
  • Se souber tocar um instrumento, faça-o em seus rituais.
  • Não tenha vergonha!
  • Você não está se apresentando diante de uma multidão; portanto, não se preocupe em desafinar ou tropeçar. As divindades não se importam e ninguém precisa saber o que você faz diante dos deuses em seus rituais.

Música

  • Combinação harmoniosa de sons ou combinação de sons para os tornar harmoniosos e expressivos.
  • Existe música em toda a natureza: no toque do vento nas árvores, do rio correndo, das ondas do mar, dos corações batendo, das inspirações e expirações…
  • O simples ato de ouvir essas músicas já são um poderoso ritual. O processo de escolha das músicas que tocarão nos seus rituais já é o começo do seu ritual.
  • Você pode se aproveitar da tecnologia para criar playlists em aplicativos que podem te auxiliar em diferentes situações. Lembrando que situações de mais atenção podem requerer músicas sem letras ou apenas com sons repetitivos para induzir o estado alterado de consciência.
  • Você também pode usar mantras ritmados.

Dança

  • Série ritmada de gestos e de passos ao som de uma música.
  • A dança é uma forma de liberar energia, purificando e libertando o corpo.
  • Ela também pode atuar como uma oferenda aos deuses.
  • Através dos movimentos buscamos mudar padrões de psicológicos e atrair energias desejadas, pode ser atração da energia de um animal ou divindade, imitando seus movimentos.
  • Seja ela em grupo ou solitária, coreografada ou livre, dance!
  • Fique a vontade. Importe-se menos se você está parecendo boba ou louca.
  • A música e a dança são excelentes formas de ir desligando a mente consciente para então se jogar em outros planos.
  • Sinta que você é o fogo crepitante, você é o vento furioso, você é o mar agitado, a forte cachoeira, você é a flor desabrochando, você é a lua magnética. Seja indomável.
  • Você também pode usar asanas de yoga como passos de dança.
A dança das fadas. Pintor: Hans Zatzka (1859 – 1945).

Instrumentos

  • Instrumentos de sopro como flauta e gravador.
    • Usados para aumentar poderes mentais e habilidades de visualização, para descobrir a sabedoria ou o conhecimento antigo, para melhorar as faculdades psíquicas.
    • Usado para invocar o Deus.
  • Instrumentos de metal ressoante como címbalo, sistro, sino e o gongo.
    • Usados para rituais de cura, fertilidade, amizade, poderes psíquicos, amor espiritual, beleza, compaixão, felicidade.
  • Instrumentos de corda como a lira, harpa, violão, bandolim, ukelele.
    • Usados para rituais que evocam sensualidade, saúde, força física, paixão, mudança, evolução, coragem, destruição de hábitos ruins e para ter força de vontade.
  • Instrumentos de percussão como tambor, chocalho, xilofone.
    • Usados em rituais para feritilidade, melhorar situação financeira, encontrar emprego.
    • Usado para invocar a Deusa.
Relação entre instrumentos e elementos.

Gestos mágicos

  • Ações corporais, símbolos, que transmitem informações.
  • Você pode incluir nos seus rituais alguns gestos que tenham significados gerais ou pessoais para potencializar a sua magia, direcionar energia, energizar algum instrumento, consagrar, curar, amaldiçoar.
  • Alguns exemplos de símbolos gerais:
    • Quiromancia: você pode estudar as regências planetárias de cada dedo para criar combinações que tenham relação com as intenções do seu feitiço ou ritual.
    • Mudras e asanas: você pode usar gestos do yoga, com as mãos ou com o corpo, que tenham relação com suas intenções.
    • Alta magia: existem práticas de magia cerimonial que incluem gestos para representar entidades que também podem ser inclusos.
Alguns exemplos de gestos mágicos.

Música na Grécia Antiga

  • A música tinha um papel importante em quase todos os aspectos da Grécia Antiga. Fosse ao participar de uma reunião pública, ao se socializarem em um jantar, ao dispor oferendas em um templo ou ao marchar para a batalha, havia uma canção para tudo.
  • Aristóteles até escreveu que a música aumentava a produtividade de trabalhadores e ela era usada no campo e com remadores para que mantivessem um ritmo constante.
  • Para os gregos, a palavra “música” tinha um sentido muito amplo. Mousikê techne, ou “arte musical”, tecnicamente englobava o que hoje consideramos ser música, bem como qualquer arte cuja inspiração era atribuída às musas, como a poesia, a dança, a comédia, a tragédia e os épicos. De fato, obras como poesias e peças de teatro raramente eram apresentadas sem o acompanhamento de música e dança.
  • Em se tratando de instrumentos, os músicos gostavam de uma flauta chamada de aulo, a cítara, que parecia uma guitarra, sua prima menor, a lira, e o tympanon, uma percussão manual que ajudava a definir e manter o tempo da música.
  • Dançarinas femininas também podiam usar um instrumento chamado de crotálo, uma espécie de címbalo. Eles eram quase sempre usados em pares e seu som se assemelhava a um “claque” para a percussão.
Homem tocando aulo e mulher tocando crótalo.
  • Na Grécia Antiga, a declamação de um poema era sempre acompanhada por música e, às vezes, até por dança. Os poemas eram cantados por aedos (cantores) ou rapsodos, que se especializavam em poemas épicos. Rapsodos eram especialmente valorizados, ainda mais se fossem parte dos Homeridae (filhos de Homero), um grupo que surgiu na ilha de Quios como supostos descendentes do lendário poeta grego.
  • Aedos e rapsodos tinham a responsabilidade de manter a tradição grega de contar histórias oralmente, e em Atenas eles eram obrigados a apresentar poemas homéricos em todos os festivais panatenaicos. Entretanto, a arte em vasos gregos traz rapsodos vestidos em mantos e segurando cajados típicos de viajantes, insinuando que os cantores também viajavam para o campo.
  • A dança está muito presente nos ritos de mistérios como nos Mistérios de Elêusis e Mistérios Dionisíacos simbolizando proteção e expulsão de energias indesejadas. O princípio da dança ritualística é colocar o devoto mais próximo da divindade.
  • Nos ritos dionisíacos era presente o toque de flautas, liras, címbalos e tambores. Os participantes se entregavam a uma dança em estado êxtase para que Dioniso se aproximasse deles. A dança é um elemento marcante de todos os festivais dionisíacos.
  • Os dançarinos apresentavam movimentos hiperativos, diferentes do padrão normal da pessoa, tinham alucinações e perda de parte da memória sobre o ocorrido nessas reuniões.

I) Gêneros musicais

  • Na Grécia Antiga, havia um tipo de música para quase toda ocasião. Canções complicadas como hinos, peãs e ditirambos eram feitas para os ouvidos dos deuses e como tal eram interpretadas durante cerimônias religiosas na vida cívica. Vejam alguns:
    • Himeneu – Era uma canção para casamentos;
    • Treno – Acompanhava procissões funerárias;
    • Escólio – Para ocasiões festivas como simpósios;
    • Hinos – São composições métricas endereçadas a um deus. Eles geralmente contêm versos louvando a divindade e descrevendo seus feitos e sua benevolência, e acabam com uma oração.
    • Paian – Tipo específico de hino, normalmente dirigido a Apolo, Ártemis, Zeus, Dioniso, Asclépio ou Higeia. De acordo com Proclo, eles normalmente eram cantados “pelo fim das pragas e doenças”.
    • Ditirambos – Eram canções apaixonadas e comemorativas associadas a Dioniso. Os ditirambos muitas vezes marcavam o início de festivais religiosos comemorados em locais como Delos, Delfos e Atenas.
  • O teatro era considerado a expressão de arte mais sublime, pois combinava canções em poesia, dança, atuação e trajes. Acreditava-se que as peças formavam o ele entre os mortais e os deuses e as canções nelas presentes, especialmente as das tragédias de Eurípedes, muitas vezes faziam sucesso em todo o resto da Grécia.
  • Além dos variados gêneros de música, também havia diversos tipos de escalas e intervalos. Esses “Harmoniai” derivaram seu nome com base em sua origem étnica: dórico, lídio e frígio. Cada um era criado para provocar algum tipo de emoção no público como consta na obra Política, de Aristóteles:

“Há diferenças na mera natureza das melodias, de modo que as pessoas que as escutem sejam afetadas diferentemente e não tenham os mesmos sentimentos em relação a cada uma delas, mas sim escutem a algumas delas em um estado mais lamentoso e comedido, por exemplo ao modo chamado de Myxolydian, e a outras em um estado mental mais suave, mas em um estado intermediário com grande compostura a outra, com apenas o modo dórico das harmonias parece agir, enquanto os frígios deixam os homens entusiasmados.”

Política, Aristóteles.

II) Odeão de Péricles

  • O odeão de Péricles foi construído entre as décadas de 440 e 430 AEC. O prédio foi encomendado por Péricles para ser usado no festival da Panateneia.
  • O odeão também servia de local para leitura de poesias, comícios políticos e apresentações filosóficas.
  • De acordo com fontes antigas, o projeto inicial do Odeão foi inspirado pela barraca do rei persa Xerxes, um espólio de guerra obtido pelos atenienses após uma vitória decisiva em Salamina em 480 AEC.
  • O telhado do prédio foi feito com a madeira de navios persas capturados. Nesse sentido, o odeão era um símbolo de triunfo de Atenas e um insulto para os seus inimigos persas.
  • Essa estrutura era considerada um dos mais grandiosos feitos arquitetônicos da antiga Atenas.
Assassin’s Creed Odyssey – Odeon.

III) Concursos musicais

  • Concursos de música, ou agones, originalmente só ocorriam durante festivais religiosos. Com o tempo eles se tornaram eventos culturais com força própria, atraindo músicos e espectadores de todo o mundo grego.
  • Por exemplo, o festival ateniense da Panateneia tinha concursos para instrumentos e para declamação de poesia.
  • O festival da Dionísia incluía concursos entre grupos de cantores masculinos para ver quem interpretava o melhor ditirambo, um hino alegre em honra do deus Dioniso.
  • Embora todos pudessem assistir aos concursos, mulheres não tinham permissão para concorrer.
  • Nos primórdios das competições, vencedores só recebiam uma coroa e um ego inflado pelo seu talento. Mas, a partir do período helenístico, os prêmios começaram ser pagos em dinheiro. Esses prêmios eram grandes o bastante para que os músicos fizessem fortunas, ainda mais se fossem de um festival para outro.
  • A música tinha um grande papel na educação antiga. Tutores públicos ou privados ensinavam as crianças a tocar instrumentos, e elas podiam escolher aprender a tocar a lira, o aulo ou cantar poesias. Quem almejava seguir carreira como músico profissional recebia uma educação ainda mais especializada.
  • A importância da música na educação era um ponto de discórdia entre dois filósofos famosos na Grécia Antiga: Platão e Aristóteles. Platão incentivava o ensino da cítara em “Protágoras”, onde ele afirma que os meninos podem se tornar “eficientes em sua fala e ação” aprendendo a tocar o instrumento. Aristóteles, por sua vez, diz em “Política” que as crianças devem ser proibidas de aprender a tocar o aulo em sua escolarização, dado que a flauta era um instrumento excessivamente interessante.
Aedo.

Referências

  1. Papaioannou, C., & Lykesas, G. (2012). The role and significance of dance in the Dionysian Mysteries. Studies in Physical Culture and Tourism19(2), 68-72.
  2. Cunninghan, S. Wicca: guia do praticante solitário. São Paulo: Madras, 2020.

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