Civilizações antigas,  História

História grega

Introdução

  • A civilização grega teve o seu apogeu entre os séculos VIII e IV em uma vasta área geográfica indo das Colunas de Hércules (estreito de Gibraltar) às margens do Ponto Euxino (mar Negro).
  • O âmbito dessa civilização é a forma política específica denominada cidade-estado (pólis), onde o seu conjunto seria a Hélade, reunindo pessoas falantes de grego.
  • O mundo grego antigo é resultado dos grandes estados monárquicos nascidos pela conquista de Alexandre, onde se desenvolve uma civilização na qual a herança helênica se mistura às contribuições das civilizações orientais, conhecida como civilização helenística.
  • A chegada dos gregos, aquelas pessoas que falavam uma língua que se tornaria o grego, é geralmente situada no começo do segundo milênio antes da Era Comum. Apesar do avanço da arqueologia, pouco se sabe sobre os estabelecimentos humanos que precedem a chegada dos gregos e das consequências de sua chegada.

Divisão do tempo histórico

  • Existe uma divergência nas fontes secundárias que buscam estudar história grega sobre a ordem das invasões e das diásporas gregas, principalmente nos períodos pré-histórico e pré-homéricos. Por isso, não se prenda tanto na ordem e sim, entender quem eram esses povos para entender suas influências na cultura grega posterior.
  • Segundo Arruda (1942) o processo histórico de evolução das póleis segue a seguinte divisão em períodos:
    • Período Pré-homérico – XX-XII AEC;
    • Período Homérico – XII-VIII AEC;
    • Período Arcaico – VIII-VI AEC;
    • Período Clássico – V e IV AEC;
    • Período Helenístico – III-II AEC;
  • Segundo Lévêque (1968), o sistema cronológico, com datas arredondadas, sujeitas, portanto a uma certa margem de erro, são:
    • Neolítico I – cerca de 4500-3000 AEC;
    • Neolítico II – cerca de 3000-2600 AEC;
    • Bronze Antigo ou Heládico Antigo – cerca 2600-1950 AEC;
    • Primeiras invasões gregas (Jônios) na Grécia – cerca de 1950 AEC;
    • Bronze Médio ou Heládico Médio – cerca de 1950-1580 AEC;
    • Novas invasões gregas (Aqueus e Eólios?) – cerca de 1580 AEC;
    • Bronze Recente ou Heládico Recente ou Período Micênico – cerca de 1580 a 1100 AEC;
    • Últimas invasões gregas (Dórios) – cerca de 1200 AEC;

Divisão do território grego

  • Sob o ponto de vista geográfico, pode-se dividir o território grego em três regiões:
    • Grécia Continental – Região meridional da Península Balcânica;
    • Grécia Peninsular – Região separada da Grécia Continental pelo golfo de Corinto;
    • Grécia Insular – Região formada pelas ilhas dos mares Egeu e Mediterrâneo;
    • Grécia Asiática ou Oriental – Formada após colonização da Ásia Menor (após primeira diáspora).
  • O relevo grego é montanhoso e dificulta as comunicações internas. No entanto, o recorte do litoral e a presença das ilhas facilita a comunicação com o exterior.
  • É importante deixar claro para o estudante de História Grega que o território considerado grego variou muito ao longo das inúmeras invasões, sendo expandido e diminuído ao longo do tempo e ocupado por inúmeros povos de origens distintas. É sempre importante se localizar de qual Grécia se está falando, de qual tempo e qual lugar.

Período Pré-histórico (antes de 3000 AEC)

  • Coincide com a Idade da Pedra;
  • Se os restos paleolíticos são muito escassos e de pouca importância, no Neolítico I o solo grego é coberto por uma série de “construções”. Essas obras, ao que parece, de populações do Oriente Próximo asiático.
  • A transição Neolítico I para Neolítico II é marcada, na Grécia, pela invasão de povos, cuja origem não se pode determinar com segurança.
  • O sítio neolítico mais bem conhecido é Dimini, na Tessália, e que corresponde ao Neolítico II. Trata-se de uma acrópole, de uma cidade fortificada, fato raro para a época. O reduto central contém um mégaron, ou grande sala, o que revelaria uma organização monárquica.
  • Trata-se de uma civilização agrícola. O homem cuida dos rebanhos e a mulher se encarrega da agricultura, o que patenteia a crença de que a fecundidade feminina exerce uma grande e benéfica influência sobre a fertilidade das plantas.
  • A divindade soberana do Neolítico II, na Grécia, é a Terra-Mãe, a Grande Mãe, cujas estatuetas, muito semelhantes às cretenses, representam deuses de formas volumosas e esteatopígicas (com acúmulo de gordura nas nádegas). A função dessas divindades, hipóstases (facetas) da Terra-Mãe, é fertilizar o solo e tornar fecundos os rebanhos e os seres humanos.

Período Pré-homérico (séculos XX-XII AEC)

  • Ocorreu entre os séculos XX-XII AEC;
  • Coincide com a Idade dos Metais;

I) Civilização minóica

  • A civilização minóica (ou povo cretense) teve seu auge na Idade do Bronze na Ilha de Creta (cerca de 3100 a 1100 AEC) e são considerados um dos primeiros povos da Europa.
  • Normalmente começa-se a contar a história dos minóicos com a possível chegada dos povos anatólios na ilha de Creta no Período Minoico Antigo a partir de 2800 AEC.
  • Outros remontam a história dos minóicos anterior ao Período Minoico Antigo e, partindo da linguística, procuram demonstrar que a língua cretense, tradicionalmente denominada pelásgico, falada pelo povo Pelágos (em grego: Πελασγοί, Pelasgoí, singular Πελασγός, Pelasgós), não representa o substrato mediterrâneo anterior à chegada dos indo-europeus.
  • Isolando do vocabulário grego os raros vestígios do pelásgico, seria possível reconstruir um “substrato cretense”, enriquecido com inúmeros topônimos e, através desse substrato, provar que o pelásgico teria certo parentesco com a língua indo-europeia, principalmente com os dialetos luvita e hitita. Nesse caso, os cretenses seriam proto-indo-europeus, aparentados portanto com os gregos, mas que, anteriormente a estes, se teriam separado do tronco comum indo-europeu. Hipótese sedutora, mas apenas uma hipótese. Os anatólios teriam vindo muito depois.
  • Por volta de 2800, os povos anatólios ocuparam a ilha de Creta. Terra fértil e rica, aberta para o Mediterrâneo e suas ilhas, para o continente grego, para o Egito e para o Oriente, sem ter sofrido as invasões sangrentas da Hélade, teve um desenvolvimento político, econômico, social e religioso muito mais rápido do que o verificado no continente helênico.
  • Uma longa paz fez que ali florescesse uma civilização próspera e opulenta, chamada de minóica, egeia, mediterrânea ou cretense. Ela era centrada nos palácios de Cnossos, Festo e Mália.
  • Por volta de 1700, estes três soberbos monumentos foram destruídos ou por um terremoto ou, como opina a maioria, pelos gregos jônios, que lá teriam aportado numa vasta expedição de pilhagem.
  • Com a reconstrução dos palácios, entre 1700-1400, começa o grande esplendor da civilização cretense sob a liderança política, econômica e cultural de Cnossos, que se tornara, sob o rei Minos (talvez um nome de dinastia, como o Faraó, Ptolomeu, César), o centro de uma singular potência monárquica.

II) Civilização Anatólia

  • Na virada do Neolítico II para o Bronze Antigo ou Heládico Antigo (cerca de 2600-1950), chegam à Grécia os primeiros invasores provenientes da Anatólia, na Ásia Menor.
  • O mínimo que se pode falar dos anatólios é que era uma grande civilização que teve como centro mais importante Lerna, na Argólida, cujos pântanos se tornariam famosos, sobretudo por causa de um dos Trabalhos de Hércules.
  • Uma das maiores contribuições dessa civilização foi a linguística: a partir do Bronze Antigo, montes, rios e cidades recebem nome, o que permite acompanhar o desenvolvimento e a extensão da conquista da Anatólia, que se prolonga da Macedônia, passando pela Grécia continental, pelas Cíclades, e atingem a ilha de Creta, que também foi submetida pelos anatólios.
  • Os nomes com sufixo -nthos, como Kórinthos (Corinto), Tíryns, Tírynthos (Tirinto), Hyákinthos (Jacinto), ou nomes em -ss, -tt, reduzidos ou não a -s, -t, como Knosós (Cnossos), Nárkissos (Narciso), muito comuns, quer na toponímia, quer na antroponímia grega, são, provavelmente, de origem anatólia, o que, do ponto de vista religioso, é importante estabelecer a procedência de determinados mitos.
  • O marco da civilização dos anatólios foi a introdução do bronze, início evidentemente de uma nova era.
  • É possível constatar uma sólida organização monárquica devido a existência e palácios fortificados.
  • A civilização continuava sendo agrícola sob tutela de uma Grande Mãe, dispensadora da fertilidade e da fecundidade. As estatuetas, com formas também opulentas e esteatopígicas, adotam, por vezes, nas Cíclades, uma configuração estilizada de violino, o que, aliás, as tornou famosas.
  • As tumbas são escavadas nas rochas ou se apresentam em forma de canastra. As numerosas oferendas nelas depositadas atestam a crença na sobrevivência da alma.
Visão ampla das colônias gregas no período Helenístico para localização da Ásia Menor.
Regiões da Anatólia.
Regiões da Anatólia.

III) Povos indo-europeus

  • No final do segundo milênio, entre 2000 e 1950, no final da Idade do Bronze Antigo, a civilização anatólia da Grécia propriamente desapareceu, com a chegada de novos invasores. Dessa vez, seriam os povos que originariam o que chamaram de gregos da futura Grécia.
  • Os gregos foram constituídos por um conjunto de povos chamados de indo-europeus. Estes, ao que parece, se localizavam, desde o quarto milênio, ao norte do Mar Negro, entre os Cárpatos e o Cáucaso, sem jamais, todavia, terem formado uma unidade sólida, uma raça, um império organizado e nem mesmo uma civilização material comum. Talvez tenha existido, isto sim, uma certa unidade linguística e uma unidade religiosa.
  • Essa frágil unidade, dividiu-se lá pelo terceiro milênio em uma série de migrações, que fragmentou os indo-europeus em vários grupos linguísticos, tomando uns direção da Ásia (armênio, indo-iraniano, tocariano, hitita), permanecendo os demais na Europa (balto eslavo, albanês, celta, itálico, grego, germânico).
  • A partir dessa dispersão, cada grupo evoluiu independentemente e, como se trata de povos nômades, os movimentos migratórios duraram séculos e até milênios, entre os grupos e dentro de um mesmo grupo.
  • Entre os helenos, o fato ainda é mais flagrante, pois, os antigos gregos chegaram à Hélade em pelo menos quatro levas: jônios, aqueus, eólios e dórios, com séculos de diferença entre um grupo e outro. Para se ter uma ideia, entre a chegada dos jônios e os dórios existem cerca de 800 anos.
  • A grande distância que separa as primeiras migrações das últimas impossibilita a identificação dos elementos comuns no vocábulo, na teologia e na mitologia da época histórica.
Kurgans e suas migrações ao longo da Ásia e Europa.
  • Os primeiros povos indo-europeus a chegar à Hélade foram os Jônios, que chegaram por volta de 2600 e 1950 AEC, através dos Balcãs, e ocuparam violentamente a Grécia inteira, desaparecendo com o povo anatólio, que existem indicativos de que foram escravizados.
  • Muitos arqueólogos e historiadores opinam que os primeiros indo-europeus gregos, antes de penetrarem na Hélade, teriam passado primeiro pela “civilizada” Ásia Menor, o que explicaria sua refinada técnica em cerâmica, a chamada cerâmica mínia, já anteriormente bem conhecida naquela região, inclusive na denominada Tróia VI dos arqueológos.
  • Os aqueus e os eólios foram o segundo grupo a penetrar na Grécia. Integraram-se com os primeiros ocupantes, ampliando a população do mundo grego.
  • Os aqueus que fundaram diversas cidades, como Micenas, a mais famosa. Os habitantes de Micenas entraram em contato com a Ilha de Creta, surgindo a cultura creta-micênica;
  • Os últimos a chegar foram os dórios, por volta do século XII.
  • Os dórios destruíram a civilização creto-micênica, provocando a Diáspora interna (origem do genos) e a externa (colonização).
  • A chegada dos dórios, teve forte impacto na cultura grega. Eles eram guerreiros que destruíram parte de templos e outras construções locais, estabelecendo uma relação nova de sociedade, onde a presença militar era completamente necessária e fundamental (presente em Esparta).
  • A presença violenta dos dóricos causou a primeira diáspora grega (colonização da Ásia menor, como a atual parte da Turquia). A diáspora deu o inicio da expansão do mundo grego.

Período homérico (1100-750 AEC)

  • Também chamado de Período da Idade das Trevas;
  • Datas e fatos essenciais:
    • Século XII AEC – Formação do sistema gentílico (formado por genos, pequenas comunidades);
    • Século IX AEC – Surgimento da Ilíada;
    • Século VIII AEC – Surgimento da Odisséia. Desintegração do sistema gentílico. Começa a segunda diáspora grega;
    • 750 AEC – Primeiras colônias gregas no sul da Itália.
  • Neste período de destruição por parte dos dóricos, os registros escritos e demais objetos materiais dos gregos destruídos dificultam nossa interpretação da sociedade grega por falta de fontes históricas.
  • Estão sendo feitas descobertas que comprovam que a civilização micênica são desapareceu da noite para o dia. Existem traços de continuidades ao longo dos anos obscuros.
  • A partir do século IX AEC já começam a surgir vários sítios abandonados, ou de populações que foram consideravelmente reduzidas ao redor de um túmulo monumental ou de um santuário. Sendo considerado uma versão inicial de uma estrutura urbana diferente da estrutura palacial micênica.
  • Tal período ficou conhecido como Homérico, pois os únicos registros que temos são os poemas de Homero (Ilíada e Odisséia).
  • A Ilíada (IX AEC) e a Odisséia (VIII AEC) – obras atribuídas a Homero – são fundamentais para esse período. Devido aos séculos das suas prováveis origens, as obras não devem ter sido escritas pelo mesmo autor.
  • A Ilíada trata da destruição de Tróia pelos gregos. Sua figura central é Aquiles.
  • A Odisséia narra as viagens de Ulisses de volta ao seu Reino de Ítaca, onde deixou sua esposa Penélope, cerca de muitos pretendentes.
  • No sistema gentílico, os genos eram sociedades patriarcais, onde os membros compartilhavam laços consanguíneos. Nos genos, os bens eram comuns a todos os habitantes, ou seja, era baseado numa lógica igualitária, donde seus membros (os gens) cultivavam as terras e criavam animais para o sustento de todos.
  • O sistema gentílico era uma unidade de produção auto-suficiente que depois se tornou a pólis ou cidade-estado; seus membros raramente buscavam fora unidade recursos para satisfazer suas necessidades;
  • A desintegração do sistema gentílico foi provocada por um problema interno: o crescimento da população não foi acompanhado pelo crescimento da população;
  • A desigualdade social, com o surgimento de diversas camadas sociais, foi uma das consequências mais diretas da desintegração do genos;
  • Nos meados do século VIII AEC começou a segunda fase da colonização grega, também chamada segunda Diáspora grega, rumo às ilhas e ao litoral da Ásia Menor. Ela foi motivada principalmente pela necessidade de terras, devido a explosão demográfica, mas também pelo desejo de buscar bens de que a Grécia não dispunha, como ferro e estanho.
  • A expansão dos gregos é efetivamente traduzida pela fundação de estabelecimentos que eram cidades-estado autônomas, independentes da cidade-mãe (metrópole) de onde haviam partido os primeiros colonos.
  • O movimento de expansão continuaria até meados do século VI AEC. Em menos de dois séculos, um rosário de cidades gregas escalona as costas mediterrâneas, da Espanha às margens do mar Negro, sendo bastante numerosa na Península Ibérica, na Sicília e no norte do Egeu.
  • Eram porém encontradas também na Gália (Marselha), na Córsega (Alalia) e até mesmo na costa africana, onde os gregos provenientes de Tera (Santorim) haviam fundado Cirene na Líbia, enquanto outros gregos, originários essencialmente das ilhas e cidades da Ásia Menor, estabeleceram-se em um braço do delta do Nilo, em Náucratis.
  • A Ática permaneceu durante esses séculos do Período Homérico um centro relativamente ativo.

Pólis eram uma cidade-estado, ou seja, uma cidade independente, com governo próprio e autônomo, economicamente autossuficientes e com seus próprios cultos religiosos. É uma denominação comum na Grécia Antiga. Exemplos: Tebas, Atenas e Esparta.

Definição de pólis ou cidade-estado.

Período Arcaico (750-480 AEC)

  • Esses séculos foram palco de profundas transformações. Algumas afetavam a vida econômica como o desenvolvimento das trocas e do comércio marítimo, o progresso do artesanato urbano e a invenção da moeda, ainda que originalmente tenham respondido a outras preocupações.
  • Outras transformações foram ligadas às práticas bélicas, como adoção da falange hoplítica, e, em consequência disso, ao acesso à função guerreira inicialmente reservada a uma aristocracia militar, de camadas cada vez mais extensas da população cívica.
  • As tiranias foram relativamente duradouras, mas acabaram por desaparecer no fim do século VI, enquanto eram instauradas instituições que diferiam de uma cidade para outra, mas que mesmo assim apresentavam traços comuns: magistraturas eletivas e frequentemente anuais, um ou mais conselhos, encarregados de submeter as decisões comunais a uma assembleia dos membros da comunidade cívica, que por vezes apenas as aprovava ou, como em Atenas após as reformas de Clístenes, podia discuti-las e emendá-las.

I) Período Arcaico: Esparta

  • Ocorreu entre os séculos VIII-VI AEC;
  • Datas e fatos essenciais:
    • Século XVIII AEC – Chegada dos aqueus à Lacônia;
    • Século XII AEC – Chegada dos dórios à Lacônia;
    • Século IX AEC – Fundação de Esparta pelos dórios. Primeira Constituição de Esparta, a Grande Retra (809 AEC?);
    • Século VIII AEC – Primeira Guerra da Messênia (720-735 AEC?);
    • Século VII AEC – Segunda Guerra da Messênia (650-620 AEC?).
  • Esparta foi fundada pelos dórios por volta do século IX AEC, na planície da Lacônia. Os aqueus, ocupantes primitivos da região, foram expulsos para a periferia ou escravizados.
  • A Constituição espartana foi atribuída a Licurgo, personagem lendário que teria feito todas as leis de Esparta, do século IX AEC ao século VI AEC.
  • A guerra travada na Messênia, em duas etapas, provocou mudanças sensíveis na estrutura econômica, social e política de Esparta, por causa do grande número de escravos, que passaram a constituir uma ameaça permanente para os espartíatas.
  • A educação espartana visava exclusivamente os interesses do Estado. Por isso, limitava o espírito crítico através do laconismo e da xenofobia.

II) Período Arcaico: Atenas

  • Datas e fatos essenciais:
    • Século X AEC – Cinesismo em Atenas;
    • Século VIII AEC – Governo monárquico;
    • Século VIII AEC – Governo oligárquico;
    • 623 AEC – Assassinato de Cílon;
    • 621 AEC – Legislação de Drácon;
    • 594 AEC – Legislação de Sólon;
    • 560-527 AEC – Tirania de Psístrato;
    • 527-514 AEC – Tirania de Hípias e Hiparco;
    • 514-510 AEC – Tirania de Hípias;
    • 508 AEC – Arcontado de Iságoras;
    • 508-507 AEC – Expulsão dos aristocratas espartanos;
    • 507 AEC – Reformas de Clístenes;
    • 500 AEC – Início das Guerras Médicas entre gregos e persas;
    • 492 AEC – Dario exige a submissão dos gregos;
    • 490 AEC – Batalha de Maratona, vencida por Atenas;
  • A Península da Ática foi povoada por pelágios, aqueus, jônios e eólios, mas os atenienses se consideravam jônios.
  • No Período Arcaico, as três camadas sociais de Atenas eram formadas pelos eupátridas, georgoi e demiurgos.
  • O desenvolvimento econômico de Atenas provocou a ascensão social dos comerciantes e artesãos, mas tornou mais grave a situação dos pequenos proprietários e marginais.
  • Foi esse mundo de cidade-estado livres e autônomas que enfrentou, no início do século V, a ameaça persa.
  • As guerras médicas, guerras greco-pérsicas, guerras persas ou guerras medas foram conflitos entre o Império Aquemênida persa e os gregos (aqueus, jônios, dórios e eólios) em disputa pela Jônia na Ásia Menor que estavam com colônias gregas. O termo “guerra médica” porque os gregos se referiam aos persas como “medos” que é um dos povos que foram absorvidos pelos persas. Como isso leva a falsa impressão que de que os medos originaram os persas, esse termo “guerra médica” tem sido substituído por “guerra greco-pérsicas”.
  • Foi um momento essencial na história do mundo grego. Desse confronto nasceriam a hegemonia ateniense e a civilização clássica estreitamente associada a ela.
  • Desde meados do século VI, os persas tratavam de submeter a seu domínio os países situados na vasta região que vai do planalto do Irã às margens do Mediterrâneo. A Mesopotâmia, a Ásia Menor e depois o Egito caíram em suas mãos, assim como as cidades-estado gregas, que haviam brilhado durante dois séculos e visto o nascimento do pensamento científico e filosófico.
  • Na aurora do século V, algumas dessas cidades, como Mileto, revoltaram-se e apelaram aos gregos da Europa. Apenas os atenienses responderam a esse apelo, participando portando da tomada e do incêndio de uma das capitais reais, Sardes. Uma vitória sem futuro, mas usada por Dario como pretexto para lanças em 490 AEC uma expedição contra Atenas, que terminou em desastre para os persas face aos hoplitas atenienses na planície de Maratona.
  • Dario morto, seu filho Xerxes retomou o projeto, em escala muito maior, unindo à expedição marítima um gigantesco exército de mercenários recrutados em todas as províncias do império. Foi esse exército que transpôs o desfiladeiro das Termópilas e tomou a Acrópole de Atenas, abandonada por seus habitantes a conselho de Temístocles. Fora Temístocles a dotar a cidade de uma frota de guerra, a qual esmagou a frota persa na investida de Salamina em 480 AEC, forçando o inimigo a bater em retirada sob os olhos de Xerxes.
  • A região da Ática ficava em torno de Atenas. A região da Ática era subdividida em demos (em grego: δῆμος, sigular demi). Os demos já existiam, como meras subdivisões de terra nas áreas rurais, desde o século VI AEC, e mesmo antes, porém só adquiriram um significado mais importante depois das reformas de Clístenes.
  • Nestas reformas, o alistamento nas listas de cidadãos de cada demo passou a ser obrigatória para a obtenção da cidadania, que até então era obtida através da associação com uma fratria ou grupo familiar. Ao mesmo tempo, os demos foram criados na própria cidade de Atenas, onde não existiam anteriormente. No total, ao fim das reformas de Clístenes, a Ática estava dividida em 100 demos. A transformação dos demos em unidades fundamentais do Estado enfraqueceu os genos, grupos familiares aristocráticos que até então dominavam as fratrias.
  • Um demo funcionava até certo ponto como uma pólis em miniatura, e alguns demos, como o de Elêusis e Acarnas, de fato consistiam de cidades importantes. Cada demo tinha um demarco (demarchos) que a supervisionava, bem como diversos outros funcionários civis, religiosos e militares. Cada demo tinha seus próprios festivais religiosos, e era responsável por coletar impostos e gastar sua renda da maneira que melhor lhe aprouvesse.
  • Os demos eram categorizados com os outros demos da mesma área, formando trittyes, grupos populacionais maiores, que por sua vez eram combinados de maneira a formar as dez tribos (phylai) de Atenas. Cada tribo continha uma trittys de cada uma das três regiões: a cidade, o litoral e o campo.

Período Clássico (480-323 AEC)

  • Datas e fatos essenciais:
    • 480 AEC – Batalha das Termópilas, vencida pelos persas;
    • 479 AEC – Batalhas de Plateia e Micale, vencidas pelos gregos;
    • 476 AEC – Aristides organiza a Confederação de Delos;
    • 468 AEC – Címon vence os persas no Eurimedonte;
    • 450 AEC – O tesouro de Delos é transferido para Atenas;
    • 449 AEC – Final das Guerras Médicas entre gregos e persas;
    • 448 AEC – Tratado de Susa ou Paz de Kallias;
    • 431 AEC – Início da Guerra do Peloponeso;
    • 429 AEC – Morte de Péricles, em Atenas;
    • 421 AEC – Armistício na Guerra do Peloponeso;
    • 413 AEC – Expedição ateniense a Siracusa;
    • 406 AEC – Vitória naval de Atenas em Arginusas;
    • 404 AEC – Vitória de Esparta em Égos-Pótamos e fim da Guerra do Peloponeso;
    • 387 AEC – Tratado de Antálcidas entre Esparta e os persas;
    • 371 AEC – Batalha de Leuctras, vencida por Tebas;
    • 362 AEC – Os tebanos perdem a hegemonia na Batalha de Mantinéia.
  • O Período Clássico caracterizou-se pelas hegemonias e imperialismos nas Cidades-Estado gregas.
  • No ano seguinte a Batalha das Termópilas, os gregos, sob o comando do rei espartano Pausânias, venceram, em Platéia, contingentes persas que haviam permanecido na Grécia. Para a maioria deles, especialmente para os espartanos, hostis às expedições marítimas, a guerra terminara.
  • Os atenienses, entretanto, não viam assim, e tendo constituído com os gregos das ilhas e do norte do Egeu uma aliança, a Liga de Delos, trataram de libertar do jugo persa as cidades gregas da Ásia e cooptá-las. Dessa aliança nasceria o império ateniense.
  • Encarregando-se da defesa comum, os atenienses exigiram dos aliados o pagamento de um tributo anual que alimentava o tesouro da liga, inicialmente depositado em Delos e, apartir de 454 AEC, em Atenas. Esse tributo serviria para a manutenção de uma grande frota, mas permitiu também a Péricles, já o político mais importante de Atenas, fazer a cidade, especialmente e sua Acrópole, uma maravilha arquitetônica, enquanto Atenas se tornava um centro da vida intelectual e artística para o qual convergiam sábios, filósofos e artistas de todo o mundo grego.
  • Essa grandeza, contudo, tinha o seu revés. Atenas exigia cada vez mais de seus aliados, e não hesitava em recorrer à força para manter os recalcitrantes na aliança. Guarnições atenienses foram estabelecidas no território das cidades aliadas, e lotes de terra ali conquistados eram distribuídos a esses soldados.
  • Magistrados atenienses exerciam uma vigilância estreita sobre a vida política das cidades do império, por toda parte Atenas incentivava a instauração de regimes democráticos à imagem do seu.
  • Péricles justificava essa hegemonia com a superioridade do sistema ateniense: “Em resumo, ouso dizer, nossa cidade, em seu conjunto, é uma lição viva para a Grécia.” Esse discurso foi pronunciado por Péricles quando, havia já um ano, Atenas e seus aliados enfrentavam a liga dos Estados do Peloponeso reunidos em torno de Esparta, como Corinto, Tebas e Megara.
  • A Guerra do Peloponeso, iniciada em 431 AEC, destruiria esta hegemonia aparentemente invulnerável. Embora os atenienses tenham permanecido por muito tempo os senhores do mar, não conseguiram impedir os lacedemônios e seus aliados de todos os anos invadirem o território ático, vítimas de seguidas devastações.
  • Um armistício firmado em 421 AEC pôs fim provisoriamente a desastrosa expedição à Sicília. Dessa vez, graças aos subsídios persas, os peloponésios puderam reunir uma frota comparável à ateniense, e foi no mar que os atenienses sofreram a derrota que levou ao fim de seu império.
  • Logo depois do desastre da Sicília, os adversários da democracia haviam, uma primeira vez, tomado o poder durante alguns meses, em 411 AEC. Mas os democratas, especialmente os soldados e marinheiros da frota fizeram a tentativa malograr.
  • Uma segunda vez em 404 AEC, quando a frota lacedemônia estava ancorada diante do Pireu, os oligarcas apoderaram-se da cidade e fizeram o terror reinar por vários meses. Em outra ocasião ainda, os democratas conseguiram expulsá-los da cidade e restabelecer o regime democrático.
  • Porém chegara ao fim o equilíbrio que permitira o desenvolvimento da cultura e da civilização grega no século V. A hegemonia espartana, nascida da vitória obtida em 405 AEC, durou apenas alguns anos, graças sobretudo ao apoio do rei dos persas, tornando árbitro dos conflitos entre as cidades-estado gregas.
  • Atenas conseguiu em 378 AEC constituir uma nova aliança marítima, comprometendo-se a não recorrer mais às práticas que haviam transformado sua hegemonia em uma autoridade repudiada. Porém, dificuldades financeiras que a cidade deveria enfrentar logo a levaram de volta aos velhos excessos, e a aliança se dissolveu em 355 AEC.

Período Helenístico (323 AEC -30 EC)

  • Datas e fatos essenciais:
    • 359 AEC – Felipe torna-se tutor do Rei Amintas, da Macedônia;
    • 356 AEC – Felipe II torna-se rei da Macedônia;
    • 338 AEC – Felipe II vence os gregos em Queronéia;
    • 336 AEC – Felipe II é assassinado;
    • 334 AEC – Alexandre Magno desembarca na Ásia e vence os persas no Rio Grânico;
    • 333 AEC – Alexandre derrota os persas na Batalha de Issos;
    • 332 AEC – Alexandre toma a cidade de Tiro e conquista o Egito;
    • 331 AEC – Alexandre derrota Dario III em Arbelas;
    • 330 AEC – Alexandre torna-se rei dos persas;
    • 327 AEC – Alexandre inicia a campanha da Índia;
    • 323 AEC – Alexandre morre em Babilônia;
    • 301 AEC – Batalha de Ipsos e divisão final do Império;
  • As cidades-estado então estavam enfrentando lutas internas opondo, por toda parte, democratas e oligarcas, pobres e ricos. Essa Grécia enfraquecida, em que nenhuma cidade conseguia consolidar sua hegemonia deveria enfrentar a potência macedônica a partir do momento em que Felipe II, que subiu ao trono em 359 AEC, tratou de colocar parte da Grécia sob seu controle e desempenhar o papel de árbitro dos negócios gregos.
  • Em Atenas, Demóstenes teve consciência do perigo, mas, apesar de suas advertências, só conseguiu reunir os gregos em uma coalizão antimacedônica quando era tarde demais. A derrota de Queronéia em 338 e a aliança concluída em Corinto entre Felipe e os gregos, tendo por objetivo a conquista da Ásia Menor, seguida pela realização desta conquista e outras mais por Alexandre, sucessor de Felipe, desequilibrariam o mundo grego.
  • A civilização helenística resultou da fusão da cultura helênica (Grécia e colônias gregas) com a cultura do Oriente Médio, principalmente persa e egípcia.
  • Seu centro não era mais a Grécia e sim: Alexandria, Antioquia e Pérgamo eram agora os polos irradiadores da nova civilização.
  • Os macedônios eram classificados como bárbaros pelos gregos, por não possuírem a cultura helênica. Conhecedor dos problemas do mundo grego, dos seus conflitos e rivalidades internas, Felipe II deu início à política de dominação dos Estados gregos.
  • Alexandre Magno, profundamente influenciado por sua mãe Olímpia e pelo filósofo Aristóteles, considerava-se predestinado a grandes feitos. Com suas conquistas, fundou um grande império.
  • Alexandre procurou formar um império universal, através da integração do mundo bárbaro e do mundo helênico, surgindo a partir dessa integração a cultura helenística.
  • Quando Alexandre morreu em 323, Atenas tentou pela última vez levantar os gregos contra a Macedônia. Esta última tentativa, da qual participou Demóstenes, terminou em fracasso e na instalação de uma guarnição macedônica no Pireu, enquanto a democracia era abolida para lugar a um regime censitário.
  • A partir daí o antigo mundo grego deixou de ser o centro da política egéia e os Estados gregos passaram a ser apenas comparsas nas lutas políticas que opunham entre si os reinos nascidos no império de Alexandre.
  • Quanto à vida cultural e artística, esta iria se desenvolver a partir de então nas capitais desses novos Estados; uma vida cultural que buscaria ligar-se à tradição grega, mas à qual faltaria o que caracterizara o mundo grego na época clássica: a dimensão política, e essencial, da vida da pólis.
  • A grande contribuição do mundo grego à humanidade situa-se no campo das artes e no campo humanístico.

Referências

  1. Brandão, J. S. Mitologia grega. Volume 1. 26 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2015.
  2. Arruda, J. J. A. (1942). História Antiga e Medieval. 5 ed. São Paulo: Ática, 1982.
  3. Mossé, C. (2004). Dicionário da civilização grega. Jorge Zahar Editor.
  4. Lévêque, P. (1968). La aventura grega. Barcelona: Labor, 1968, p. 6.
  5. Ribeiro Jr., W. A. (2010). Hinos homéricos. São Paulo: Unesp.
  6. Vernant, J. P. (2006). Mito e religião na Grécia antiga. São Paulo: WMF Martins Fontes.
  7. História Geral. Disponível em <https://cursopopularuneafrojacarei.wordpress.com/2020/06/13/historia-geral-2/2/> Acessado em 18/08/2023.
  8. Demos. Disponível em <https://pt.wikipedia.org/wiki/Demo_(Gr%C3%A9cia)> Acessado em 23/09/2023.

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