Os carneiros são os ovinos machos da espécie “Ovis aries“, as fêmeas são chamadas de ovelhas e os filhotes são chamados de borregos ou cordeiro. Não confundir com os bodes que são caprinos machos da espécie “Capra aegagrus hircus“, suas fêmeas são chamadas de cabras e os filhotes são os cabritos. Os caprinos possuem pelo baixo e cornos direcionados para fora, além dos bodes possuírem pêlos abaixo do queixo, parecendo uma barba. Já os ovinos possuem o pelo ondulado gerando lã e os chifres ficam curvados.
Os carneiros são provavelmente descendentes do muflão selvagem.
As ovelhas são criadas para obtenção da lã, leite e carne.
Curiosidades sobre carneiros
Tanto bovinos, caprinos e ovinos possuem cornos e não chifres. Os cornos são derivados dos ossos frontais do crânio e são cobertos de queratina. Já os chifres, são recobertos de pele e podem se ramificar.
Recebe o signo solar de Áries que é representado por um carneiro quem nasce entre entre 21 de março e 19 de abril. Ele é o primeiro signo do calendário astrológico.
Velocino de Ouro
Também chamado de velo de ouro ou tosão de ouro (do grego Χρυσόμαλλον Δέρας) é a lã de ouro do carneiro alado Crisómalo.
Os “Meloi Khryseoi” são também ovelhas ferozes de lã dourada que possuíam mordidas venenosas. Tendo no mito de Psique que foi ordenada por Afrodite a buscar a lã dourada. Também pode ocorrer uma variação para o mito das maçãs douradas das Hespérides, já que maçã e ovelha em grego era “melo”. Outra versão é a busca de Jasão pelo velo de ouro a pedido de seu tio Pélias.
Psiquê e a lã de ouro
Afrodite] convocou Psique e falou com ela assim: “Você vê o bosque lá, ladeado pelo rio que corre por ele, suas margens se estendendo ao longe e seus arbustos baixos encostando no riacho? se houver ovelhas errantes e pastando desprotegidas, e suas lãs brotam com a glória de ouro puro, eu ordeno que você vá lá imediatamente, e de uma forma ou de outra obtenha e traga de volta para mim um tufo de lã do precioso velo.”
Psique foi até lá sem relutância, mas sem intenção de realizar essa tarefa. Ela queria buscar a cessação de seus males atirando-se de um penhasco acima do rio. Mas daquele trecho de córrego um dos juncos verdes que alimentam a doce música foi divinamente inspirado pelo suave som de uma brisa acariciante, e proferiu esta profecia: “Psique, ainda que você seja atormentada por grandes provações, não polua minhas águas por uma morte mais miserável. Você não deve se aproximar das ovelhas temíveis a esta hora do dia, quando elas tendem a ser incendiadas pelo calor ardente do sol e atacar com raiva feroz; com seus chifres afiados, suas cabeças duras como pedra e, às vezes, suas mordidas venenosas, eles causam destruição selvagem no povo humano. Mas uma hora depois do meio-dia acalmou o calor do sol, e os rebanhos se aquietaram sob a influência calmante da brisa do rio, você poderá se esconder sob aquele plátano muito alto, que suga a água do rio como eu mesma faço. Então, assim que as ovelhas relaxarem sua fúria e sua disposição ficar suave, você deve sacudir a folhagem no bosque vizinho, e você encontrará lã dourada grudada aqui e ali nos caules curvados.”
Foi assim que o junco, dotado de qualidades humanas de abertura e bondade, disse a Psique em sua extremidade como obter segurança. Ela não desconsiderou essa instrução cuidadosa e sofreu de acordo; ela seguiu todos os detalhes, e o roubo foi facilmente realizado. Ela juntou a substância macia de ouro amarelo em seu vestido e a trouxe de volta para Afrodite.
Jasão e o velocino de ouro
Jasão era neto de Creteu, fundador do trono de Lolcos, na Tessália. O trono foi passado para Pélias, tio de Jasão, que recebeu a profecia que seria morto pelo sobrinho. Pélias mandou Jasão para roubar o Velocino de Ouro, a lã de ouro do carneiro alado Crisómalo, de Cólquida, região no sul do Cáucaso. Em Argo, Jasão reune uma tripulação conhecida como argonautas.
Chegando em Cólquida, o rei Eetes exige uma série de trabalhos para Jasão conseguir receber o velocino de ouro. Ele cumpre todas as tarefas e ao voltar para Lolco, Medeia planeja a morte de Pélias para cumprir a profecia.
Deméter e os carneiros
Na segunda cena da Urna de Lovatelli que descreve os ritos de Mistérios Menores de Elêusis, é possível ver Héracles com um véu sobre a cabeça, sendado em um banco. Uma sacerdotisa atrás dele segura algo sobre a cabeça do herói.
O assento é coberto pelo velo de um carneiro, também chamado de “velo de Zeus”, sendo possível ver os cornos do animal aos pés de Héracles. Deméter também é descrita sentada sobre um velo de carneiro no Hino Homérico II a Deméter.
O carneiro é um animal frequentemente sacrificado para Perséfone. Esse ato pode estar acontecendo para simbolizar a entrada na própria escuridão.
Os antigos sumérios tinham devoção a deusa Duttur, protetora das ovelhas e rebanhos, mãe de Dumuzi, senhor dos pastores e rebanhos, e de Gestinanna, associada a sonhos e pastoreiro.
No Egito antigo, o deus Heryshaf, criador e deus da fertilidade que se dizia ter nascido em águas primevas, era representado pela figura de um homem com cabeça de carneiro. Na mitologia egípcia ele foi identificado com Rá e Osíris e na mitologia grega com Héracles.
Carneiros e ovelhas são sacrificadas em diferentes cultos religiosos como o grego, romano e egípcio. Existia também uma técnica de advinhação usando as víceras dos carneiros, chamado hepatomancia, porque usava principalmente o fígado dos animais.
No festival romano chamado Ambarvalia (ou do latim Suovetaurilia) era sacrificados um porco, um carneiro e um touro às deusas Ceres e Dea Dia. Antes de serem sacrificados, eles faziam uma procissão ao redor dos campos para agradecer pela fertilidade da terra.
Na tradição islâmica, fundada pelo profeta Muhammad (570-632 EC), uma ovelha é sacrificada durante o festival Eid al-Adha, para comemorar a obediência de Abraão a Alá, uma vez que ele sacrificaria seu filho Ismael, mas Alá interrompe e coloca um cordeiro no lugar. Este festival ocorre cerca de 70 dias após o Ramadã.
Na tradição judaica, segundo a Torá (cinco primeiros livros da Bíblia Cristã) um cordeiro, chamado de Cordeiro Pascal é sacrificado na véspera da Páscoa e os umbras e vergas das portas são untados com seu sangue para identificar as casas israelitas. Esse ritual é feito em memória do evento em que Deus tirou a vida dos primogênitos egípcios como uma das pragas.
O cordeiro ou bezerro eram usados como oferta de expiação de pecados no Antigo Testamento da Bíblia Cristã. “Quando alguém for culpado de qualquer dessas coisas, confessará em que pecou e, pelo pecado que cometeu, trará ao Senhor uma ovelha ou uma cabra do rebanho como oferta de reparação; e em favor do culpado o sacerdote fará propiciação pelo pecado.” (Levítico 5:5-6). O sacrifício de sangue era uma prática comum (Hebreus 9:27-28; Hebreus 9:22; Levídico 17:11; Isaías 53:6-8; Êxodo 12:3-7). Na Bíblia também tem o episódio de Abraão que iria matar seu filho Isaac em prova de fé, mas é impedido por Deus e sacrifica um cordeiro no lugar do filho (Gênesis 22). O cordeiro se tornou símbolo de Jesus, porque ele, mesmo sem pecado, se sacrificou para expiação dos pecados da humanidade (João 1:29, 1:36; 1 Coríntios 5:7; 1 Pedro 1:18-20; Apocalipse 5:6). O termo “Agnus Dei” é dado para a representação de Jesus como um cordeiro.
Demonização de animais com chifres
Com a associação das práticas pagãs com rituais malignos e a imagem do Diabo cristão, muitas divindades que eram associadas a fertilidade, florestas e poder acabaram sendo demonizadas.