No Ocidente, a imagem que é mais divulgada de Jesus Cristo é de um homem de cabelos ondulados, branco e de olhos azuis. No entanto, a imagem reconstruída a partir de fontes históricas é diferente da imagem de um homem europeu.
Não existem descrições da aparência de Jesus na Bíblia. O que se sabe é que ele tem cerca de 30 anos na época da crucificação, nasceu na Galiléia, no norte de Israel, no continente africano, era carpinteiro e provavelmente teve irmãos.
A provável aparência de Jesus, segundo especialistas é de um homem moreno, baixo e mantinha os cabelos aparados, como os outros judeus de sua época.
A imagem de Jesus também variou de acordo com o país que ele era adorado para trazer seus traços para próximo de seus devotos e gerar maior identificação.
Com isso, podemos ver o poder de manipulação dos fatos a fim de propagar a verdade mais conveniente para o grupo dominante e imperialista.
É preciso que seja feita uma distinção entre os seguintes pontos:
Ensinamentos de Jesus Cristo segundo a Bílbia;
Dogmas criados pelas diferentes vertentes de cristianismo;
Ações das pessoas que se dizem devotas de Jesus Cristo;
Todos esses pontos que a princípio deveriam convergir, na verdade, só criam distinções entre as práticas de cada igreja.
A própria Bíblia por ser escrita por inúmeras pessoas e ter sido traduzida diversas vezes e também manipulada por diversos interesses diferentes, gera muitas contradições.
O Deus e os dogmas do Antigo Testamento parecem ser praticamente opostos ao que está sendo dito no Novo Testamento. Na prática, existe uma grande incoerência onde partes do Antigo Testamento são consideradas válidas para hoje e outras não são, sem critério lógico aparente.
Isso faz cada igreja ter o seu conjunto de dogmas que muitas vezes não tem base bíblica;
Essa inconsistência facilita muito para que os líderes religiosos manipulem o texto bíblico segundo sua conveniência. Além disso, muitos cristãos estão em situação de fragilidade emocional, econômica e social, facilitando a sua manipulação com discursos de esperança e milagres.
A prática do cristianismo
Por ser uma religião padrão, onde é socialmente aceito ser cristão, muitos se tornam cristãos por tradição familiar. O que faz muitas pessoas se dizerem cristãs sem terem tido a oportunidade de questionar se esse era o caminho espiritual que a pessoa desejava seguir.
Esse tipo de espiritualidade compulsória (mesmo que de forma sutil em muitos casos), leva muitas pessoas a terem práticas baseadas na observação de pessoas próximas e não da leitura da liturgia cristã ou de suas próprias reflexões.
Muitas pessoas se dizem cristãs sem nunca terem ido a Igreja ou terem lido a Bíblia. Até mesmo muitas pessoas que frequentam templos cristãos, acabam indo por costume e não questionam o que está sendo dito. Seguem o roteiro no automático.
Por isso, saber o que é ser cristão é algo muito complexo. Não cabe a nós julgarmos a prática do outro. Cada um leva o caminho do jeito que faz sentido para si. No entanto, ter consciência do que leva as pessoas a terem certos compartimentos nos auxilia na nossa defesa e também na compreensão dos processos alheios.
O que é ação do cristão e o que é questão de caráter?
O que precisamos nos atentar é que devido a essa grande diversidade de práticas, não é inteligente generalizarmos os cristãos baseados na observação de uma pessoa ou um grupo. Isso não passa de preconceito. Muito provavelmente existem cristãos que estão estudando bem a Bíblia e o registro histórico de Cristo, além de terem práticas genuínas e poderosas.
Não podemos ser ingênuos. Ser preconceituoso, intolerante, machista e egoísta não são práticas exclusivas do cristianismo. Esses comportamentos são reforçados por uma sociedade patriarcal e que pode ser replicada por qualquer pessoa independente de sua religião. Isso é falha de caráter e princípios éticos.
Claro que algumas religões vão usar discursos de ódio em suas liturgias, mas isso não é algo exclusivo do cristianismo e nem é algo ensinado por Cristo. Em essência, Jesus pregou muito pela igualdade social por isso era contra os excessos dos ricos, ele pregava o amor ao próximo como princípio norteador de qualquer decisão.
O que também não se pode admitir é que essas práticas sejam aceitas com a justificativa da religião, sem nem ter sido feita uma reflexão sobre o assunto. Religião não é algo que é dito e aceito. É necessário pensar.
Artista: Frederick Richard Pickersgill (1820 -1900) Anglais
A cristã que se descobre bruxa
Quando uma pessoa decide romper com os laços compulsórios da religião padrão de onde ela vive e decide se assumir bruxa (ou de qualquer outro caminho), muitas questões surgem logo em seguida:
Conto para a minha família da minha decisão?
A minha família vai me abandonar/amaldiçoar?
O que estou fazendo é pecado?
Eu vou para o inferno?
Estou com medo. Estou adorando demônios?
A minha vida vai colapsar por conta dessa escolha?
Estou vendo um demônio ou um Deus/entidade?
Digo para você, o cristianismo é tão estrutural na nossa sociedade que mesmo bruxas após anos de prática, acabam retornando a algumas dessas questões.
A aura de medo que rege o cristão é uma das sombras mais difíceis de lidar nas práticas de bruxaria quando você cresceu ouvindo que praticamente tudo que uma bruxa faz é pecado.
É pecado:
Ter liberdade sexual, deixar de ser submissa, entrar em êxtase, ter imagens de entidades espirituais, aproveitar a prosperidade da vida, trabalho com deuses ctônicos, etc. (a lista seria infinita)
Desafios
Não tem como agradar a todos. Na realidade, você não deve se preocupar em agradar ninguém. Apenas seguir seus próprios princípios éticos. Então tudo bem discordarem de você ou criticarem a sua prática. Estabeleça os limites dessas interações e quem você permitirá que terá esse local de fala na sua vida.
Afaste-se de pessoas tóxicas que querem colocar o bedelho na sua prática espiritual sem ser consultado. Muitas vezes a pessoa nem está preocupada contigo de verdade, só quer ver defeito nos outros por falta de auto estima ou inveja da sua liberdade.
Está com medo de fazer algo? Não faça. Estude bem as origens das práticas e das entidades que vai trabalhar. Quanto mais você estuda, mais você vai ver que a visão medonha que se tem dela, muitas vezes é fruto de uma deturpação de grupos dominantes para apagar o significado real dessas práticas. O conhecimento gera empoderamento, mas é um processo. Não é fácil se desligar do que foi construído por muito tempo no imaginário coletivo. Além disso, o medo do desconhecido é normal. Ele também pode te auxiliar em muitos momentos.
Tenha bom senso e saiba quando deve ou não tornar pública a sua prática religiosa diferente do padrão. Muitas vezes é mais inteligente, por auto preservação, continuar no armário de vassouras.