Herbário

Feijão

O feijão da morte

  • Na Grécia Antiga, o feijão era chamado de fava. Tendo o termo feijão chegado na Europa e Ásia após 1492. A fava era evitada por muitos por acreditarem que era um grão associado a morte.
  • Segundo Plínio, os pitagóricos acreditavam que as favas podiam conter as almas dos mortos, já que eram carnais. Devido às suas flores manchadas de preto e caules ocos, alguns crentes pensavam que as plantas conectavam a terra e o submundo, fornecendo escadas para as almas humanas. A associação do feijão com a reencarnação e a alma aproximava o consumo de favas do canibalismo
  • Uma hipótese é que a aversão de Pitágoras aos feijões-fava pode ser por ele ter favismo. É uma doença genética mais comum no Mediterrâneo do que em qualquer outro lugar. Pessoas com favismo desenvolvem anemia hemolítica por comer favas, ou mesmo inalar o pólen de suas flores.  Após o consumo ou contato, os glóbulos vermelhos começam a se decompor, o que pode causar sintomas semelhantes aos da anemia, icterícia e até insuficiência cardíaca.  Ainda hoje, uma em cada 12 pessoas afetadas morre de favismo.
  • Aristóteles foi muito mais longe, escreveu que a forma bulbosa do feijão representava todo o universo. No entanto, outros gregos comiam muitas favas e as crenças pitagóricas eram ridicularizadas.
  • Sacerdotes de Júpiter não podiam mencionar ou tocar em feijões devido a associação com a morte. Em rituais funerários na Roma Antiga como a Lemuralia ou Lemuria eram servidos lentilhas, aves e favas. Os feijões afastavam os espíritos indesejados chamados de lêmures ou larvas por meio de cânticos e oferendas de feijão preto.
  • Plínio relatou que as favas poderiam conter a alma dos mortos. Eram uma forma de conexão com o submundo, consumir a fava era algo semelhante ao canibalismo.
  • Existia uma doença genética rara que acontecia no Mediterrâneo onde pessoas que comiam ou inalavam o pólen de favas tinham anemia hemolítica e morriam.
Pitágoras sendo retratado com medo da planta do feijão-fava.
Fava, a vagem e os grãos.


As divindades do feijão

  • Existiam divindades relacionadas ao feijão, como:
    • O herói Ciamites ou Kiamites (grego antigo: Κυαμίτης) de κύαμος “feijão”, era adorado localmente em Atenas. Seu nome foi interpretado como “o deus dos feijões e patrono do mercado de feijão”, dado que um mercado de feijão (κυαμῖτις) foi relatado por Plutarco como situado na mesma estrada não muito longe do santuário. Kyamites era provavelmente um nome para Hades.
    • A deusa romana Cardea, Carda, Carna ou Cranea que regia as passagens das portas. O dia de Carna era feriado e não se faziam reuniões oficiais. Ela recebia oferendas de feijão por ser época de sua colheita no seu feriado.


Os feijões mágicos

  • Conto inglês publicado por Benjamin Tabart, em 1807 e popularizado por Joseph Jacobs em 1890, no “English Fairy Tales”.
  • Resumidamente, é uma história de João que vai ao mercado vender a sua vaca a pedido dos pais. Ele retorna com 5 feijões.
  • A mãe de João se enfurece e ela joga os feijões pela janela. No dia seguinte, os feijões dão origem a um pé gigantesco.
  • João escala o pé de feijão e chega ao reino de um gigante que vive nas nuvens. No final das contas, João furta tesouros do gigante que foge, e corta o pé de feijão para não ser seguido.
Ilustração de Walter Crane (1875).


Beterraba no feijão, pode?

  • Estudos demonstram que cozinhar o feijão junto com a beterraba faz com que o teor de ferro disponível no caldo diminua quando se compara com as receitas sem beterraba.
  • Existem dois tipos de ferro, o heme derivado de fontes animais e o não-heme derivado de fontes vegetarianas (feijão, carambola, folhas verde escuro).
  • O ferro não-heme tem maior dificuldade de ser absorvido pelo nosso organismo porque ele é mais facilmente afetado por outras substâncias como o cálcio, oxalatos e fitatos presentes em outros alimentos como leite, amendoim e na beterraba. No entanto, a sua absorção é favorecida por fatores como vitamina C, A, betacaroteno, fruto-oligossacarídeos (FOS), ácido cítrico, entre outros.
  • Isso acontece porque a beterraba possui uma substância chamada ácido oxálico que reduz a absorção de ferro e cálcio de alimentos que possuem esses minerais.
  • Por isso, recomenda-se o cozimento do feijão sem beterraba.


Feijão (Phaseolus vulgaris)

  • Origem: México e América Central.
  • Outros nomes: fava, bean (inglês);
  • Valor nutricional
    • Vitaminas: E, C, B1, B2, B3, B6, A1, K1 e folato
    • Minerais: cálcio, magnésio, fósforo, potássio, sódio, ferro e zinco;
    • Possui 52-76% de carboidratos, 14-33% de proteínas e muitos aminoácidos como lisina, fenilalanina e tirosina.
    • Tem ação analgésica, diurética, anti-bacteriano, anti-tumoral, anti-diabético, anti-fertilidade, anti-inflamatório, antioxidade;
    • Evita obesidade, protege o fígado e os rins.


Correspondências

  • Gênero: Masculino
  • Planeta: Mercúrio
  • Elemento: Terra
  • Tarot: Naipe de ouros
  • Energia de saúde, sucesso nos negócios e proteção.
  • Você pode associar a cor do grão para potencializar a sua intenção. Por exemplo, o feijão branco pode ser usado para purificação e o feijão preto para proteção e banimentos.
  • Por exemplo, queime uma vela verde com grãos de feijão na base para saúde.
  • Feijão para ritos de necromancia ou contato com o submundo como oferenda.
  • Oferendas e sacrifícios para deuses ligados a morte.


Cozinha mágica

  • O feijão pode ser preparado cozido, mas pode ser usado em receitas como: feijoada, tutu, sopas, baião de dois.
  • Melhorar absorção de ferro do feijão: cozinhar com cebola, alho e depois beber um suco de limão. A feijoada acompanhada de uma tangerina.
  • Outros usos
    • Sachê com feijão.
    • Garrafa de grãos.


Referências

  1. Coelho et al. (2016). Teor de Ferro em Feijão Carioca e Preto Cozidos Com e Sem Beterraba. Revista Processos Químicos v. 10 n. 19 – ISSN 1981-8521.
  2. Saleem, Z. M., Ahmed, S., & Hasan, M. M. (2016). Phaseoulus vulgaris Linn.: botany, medicinal uses, phytochemistry and pharmacology. World Journal of Pharmaceutical Research, 5(11), 1611-1616.
  3. Devi, M., Dhanalakshmi, S., Govindarajan, G. T., Tanisha, B. A., Sonalika, T., Ruth, J. E., … & Ramasamy, M. N. (2020). A Review on Phaseolus vulgaris Linn. Pharmacognosy Journal, 12(5).
  4. EWBANK, A. Why Beans Were an Ancient Emblem of Death. 2018. Disponível em <https://www.atlasobscura.com/articles/favism-fava-beans> Acessado em 12/02/2022.
  5. Lemuria. Disponível em <https://en.wikipedia.org/wiki/Lemuria_(festival)> Acessado em 07/07/2023.

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