Corvos e gralhas são nomes dados a diferentes espécies de pássaros da família Corvidae.
Possuem ampla distribuição geográfica nas zonas temperadas de todos os continentes, vivendo em bandos com estrutura hierárquica bem definida e formam, geralmente, casais monogâmicos.
Sua alimentação é omnívora e inclui pequenos invertebrados, sementes e frutos; podem ser também necrófagos.
Corvo e urubu são chamados de abutres, que são as aves que se alimentam de restos de orgânicos, como animais mortos.
Mitologia irlandesa
As deusas tríplices Badb, Morríghan e Macha, formam as “Morrígna”, as Grandes Rainhas, As Fúrias da Batalha, filhas de Ernmas.
Elas são deusas guerreiras, profetisas e feiticeiras, aterrorizando os inimigos. Elas já fizeram cair do céu uma chuva de sangue, fogo e neblina para ajudar os Tuatha de Dannan.
Elas tinha a habilidade de serem “shapeshifter”, podendo mudar o formato de seus corpos, inclusive assumindo formas animais.
A deusa da guerra Badb (/baðβ/ “corvo” em irlandês antigo; irlandês moderno Badhbh /bəiv/ significando “abutre”, pronuncia-se “Baiv”) assumia a forma de um corvo, e era assim por vezes denominada Badb Catha (corvo de batalha). Ela é frequentemente retratada com cabeça de corvo. Ela também é considerada a mais sanguinária entre as irmãs.
Frequentemente causava confusão entre os soldados ao fazer a batalha pender para seu lado favorito. A ilha Boa recebeu seu nome por causa desta deusa.
Campos de batalha eram chamados de “a terra de Badb”, e com frequência era dito que Badb aparecia neles sob a forma de um corvo ou de um lobo. Badb é associada à beansidhe, e diz-se que foi crucial na batalha contra os fomorianos.
Na mitologia irlandesa, a deusa da guerra Badb aparece na história de Táin Bó Cúailnge, que é o conto central do Ciclo do Ulster . Assumindo a forma de um corvo ou corvo, ela causa terror entre as forças da Rainha Medb de Connuaght nas batalhas travadas com Ulster e o lendário herói Cú Chulainn. Diz-se também que a Morrigan, na forma de um corvo, empoleirou-se no ombro de Cú Chulainn no momento de sua morte.
Segundo o Banshenchas, a deusa Badb é considerada esposa de Dagda, acreditando-se que eles se uniam na noite de Samhain.
A deusa Macha (pronuncia-se “Márra”) era associada especialmente ao costume céltico de caçar cabeças nos campos de batalha, sendo chamado de “Colheita das Bolotas de Macha”.
Ela é uma deusa associada aos cavalos, simbolizando energia, poder e fertilidade. Com isso, Macha também é considerada uma versão irlandesa das deusas Epona (na Britânia) e Rhiannon (País de Gales).
São feitas oferendas a Macha próximo de Lughnashad. Ela simbolizada o Sol esquentando a Terra.
Representações pós-modernas da deusa Macha.
A deusa Mórrígan (em gaélico “mór”, grande; “righan”, rainha) associada a morte, renascimento, destino, mudanças e justiça. Considerada deusa do transporte entre vida e morte.
Existem evidências de seu culto da Era do Cobre na Espanha, França, Portugal, Inglaterra e Irlanda, através de representações de mulheres com cabeça de corvo, gralha ou falcão.
Ela já foi cultuada com os nomes de Morríghan, Morrigu, Annand, Annan, Morgan, Morgana e Cathuboduwa. Inclusive Morga le Fay, irmã do lendário Rei Arthur pode ser uma forma da deusa.
Ela já foi considerada consorte de Lugh e de Dagda.
Mitologia galesa
A figura de Bendigeidfran aparece nas Tríades galesas (em galês: Trioedd Ynys Prydein) um conjunto de manuscritos medievais que contêm folclore galês.
Bendigeidfran ou Brân Fendigaidd (seu nome pode ser traduzido como Abençoado Corvo) também aparece no segundo ramo do Mabinogi.
Os corvos também aparecem no Sonho de Rhonabwy (em galês: Breuddwyd Rhonabwy) e recontados no Livro Vermelho de Hergest (em galês: Llyfr Coch Hergest), escrito no século XIV.
A história se passa na época de Madog ap Maredudd, um príncipe de Powys que morreu em 1160. Conta a história do sonho de seu retentor Rhoanbwy, onde ele visita os dias do Rei Arthur. Ele sonha com uma figura na lenda arturiana Owain mab Urien e vê a época em que Owain e Arthur estavam jogando xadrez. Ao mesmo tempo, alguns dos assistentes de Artur atormentavam os corvos de Owain. Arthur ignora o pedido de Owain para que isso seja interrompido. Em vingança, os corvos de Owain matam muitos dos assistentes de Arthur antes que a paz seja restaurada.
Diz-se no folclore da Cornualha que o Rei Arthur não morreu, mas seu espírito entrou no de um Chough de bico vermelho, um membro da família dos corvos. Diz-se que os pés vermelhos e o bico do pássaro representam a violência de sua última batalha. O Chough de bico vermelho tem conexões culturais particulares com a Cornualha e aparece no brasão de armas da Cornualha. É considerado muito azar matar este pássaro. Embora tenha havido um declínio acentuado no Cornish Chough ao longo dos anos, um esforço de conservação contínuo continua em andamento para apoiar e promover habitats adequados que verão mais casais reprodutores.
Representações pós-modernas de Morrigu.
Mitologia nórdica
O deus do panteão Æsir Odin às vezes é referido como o Deus do Corvo. Isso se deve à sua associação com os corvos Huginn e Muninn, conforme referido no Poetic Edda, uma coleção de antigos poemas nórdicos compilados no século 13 a partir de fontes anteriores.
Esses dois pássaros voam pelo mundo coletando informações e transmitem tudo para Odin. Diz-se também que Odin tem dois lobos, Geri e Freki, que se sentam a seus pés enquanto Huginn e Muninn empoleiram-se em seus ombros.
Na Ilha de Man (Mannin) há um grande número de cruzes de pedra celta esculpidas; muitos carregam desenhos e inscrições celtas usando uma antiga escrita celta chamada Ogham. Há também uma série de cruzes nórdicas com imagens da mitologia pagã nórdica e inscrições rúnicas. Uma delas é a Thorwalds Cross, datada do século X, que retrata Odin com um corvo em seu ombro. Também mostra o lobo Fenrir mordendo Odin nos eventos de Ragnarök, que anuncia a morte de Odin e outros grandes deuses nórdicos.
A importância do corvo para os vikings é mostrada pela frequência com que a imagem do pássaro é usada. Apresenta em armaduras, capacetes, escudos, bandeiras e esculturas em dracares. Sem dúvida, a intenção era invocar o poder de Odin e isso não teria sido perdido para os inimigos que estavam prestes a se envolver em batalha.
Muitos dos líderes nórdicos-gaélicos continuaram a usar a imagem, assim como os jarls nórdicos de Orkney.
Ainda hoje, o festival viking anual de Up-Helley-Aa nas ilhas Shetland da Escócia usa a imagem de um corvo.
Odin, corvos e os dois lobos, Geri e Freki.
Os corvos também aparecem nas histórias da Valquíria na mitologia nórdica. São figuras femininas que escolhem quem vai viver e morrer na batalha. Destes, eles selecionam alguns que irão para Valhalla (salão dos mortos), localizado em Asgard, lar dos deuses Æsir. Aqui eles se preparariam para ajudar Odin nas próximas batalhas de Ragnarök, onde o velho mundo morreria e o novo mundo começaria.
No poema do século IX Hrafnsmál, um encontro é descrito entre uma das Valquírias e um corvo, onde eles discutem a vida e as façanhas de Harald Fairhair (nórdico antigo: Haraldr hárfagri) primeiro rei da Noruega.
O Corvo, de Edgar Allan Poe
“O Corvo” é um poema narrativo do escrito pelo poeta estadounidense Edgar Allan Poe (1809-1849), publicado pela primeira vez em 29 de janeiro de 1845. O poema se tornou conhecido pela sua musicalidade e atmosfera sombria. Ele fala sobre um corvo falante que lamenta a perda de sua amada.