Arte pagã,  Rainha & Donzela

Representações de Perséfone

Introdução

  • No momento da criação dessa publicação, a comunidade mágica está discutindo muito a representação de Hécate e Pombagira. Uma pessoa umbandista iria consagrar uma estátua de Hécate para um culto de Pombagira porque segundo ela, não teriam muitas opções de estátuas de Pombagira no mercado e Hécate seria uma mulher empoderada com um raio de atuação semelhante a Pombagira. 
  • Essa discussão me fez pensar em como também tenho dificuldades de encontrar estátuas de Perséfone. Pelo menos, quando procuro em lojas religiosas existe uma infinidades de outros deuses sendo melhor representados e com grande variedade de opções. 
  • Será que eu só poderia pegar uma imagem que tivesse escrito embaixo que é Perséfone? A resposta mais simples é depende. Se você sabe que aquela estátua está envolvida com a egrégora de outra religião, não é aconselhável. No entanto, se você teve conexão com essa imagem e ela representa o que você sente da divindade, não tem nada que te impeça de usar. Isso leva a uma discussão que não tem como ser esgotada aqui. Não tem como ninguém determinar como um deus é com toda a certeza e querer impor essa imagem a todos os devotos. Os deuses podem aparecer como um sopro do vento, um animal ou até com uma imagem humanizada, mas isso vai depender de como a divindade quer se apresentar.
  • Eu também fico pensando em como os seres humanos possuem a necessidade de materializar ou humanizar suas divindades para entrar em contato com as energias transcendentais deles. Na minha opinião, os deuses existem independente de como vemos eles. No entanto, quando a divindade é atrelada a um povo, ela tende a ser representada com traços físicos do povo que a cultuava para gerar maior proximidade e facilitar o contato. 
  • Na minha opinião, um povo predominantemente negro vai ter divindades predominantemente negras porque essa é forma que a divindade entendeu que se aproximaria melhor desse povo e favoreceria as conexões. Imagino que algo semelhante ocorreu com Perséfone, muitas pessoas brancas se conectam com a Perséfone branca, mas isso não quer dizer que ela de fato seja branca ou que sempre vai se apresentar como uma mulher branca. Apenas uma relação íntima com a divindade vai fazer você entender como ela se apresenta para você. 
  • Respeite a forma que os outros também encaram suas próprias divindades. As visões clássicas da divindade não invalidam as visões modernas. Existem muitas imagens modernas que podem favorecer a sua conexão muito mais que as clássicas. O culto é vivo. Ele muda de acordo com o grupo que o pratica.
  • Respeite a origem da divindade. Colocar a representação de uma mulher branca em uma divindade de um povo negro é racismo religioso e apagamento cultural. Estude, entenda como o povo de onde a sua divindade foi cultuada construiu a imagem dela no imaginário coletivo. Se você construiu uma prática de maneira diferente do que é o clássico, não imponha ela aos demais, deixe claro que é a sua opinião e a sua prática e explique como era classicamente para cada um poder ter a liberdade de escolher o que fazer.
  • Outro fator importante: A divindade ser negra não impede uma pessoa branca de cultuá-la como negra ou de uma divinade branca ser cultuada por uma pessoa negra. A cor da pele da divindade e devoto não precisam ser iguais! Novamente caíamos em racismo religioso. 
  • Essa publicação é uma compilação de algumas representações que já foram atribuídas a Perséfone, Proserpina ou Koré para vocês entenderem como elas já foram representadas. Lembrando que Koré é um termo muito genérico, que significa “menina” ou “donzela”, então muitas deusas ou mulheres já foram representadas com sob esse nome sem terem haver com Perséfone. Muitas estátuas perderam a cor por conta da deteriorização. Existem representações de diferentes formas, encontradas em diferentes regiões e que encaram Perséfone de formas variadas.
  • Neste momento, na minha prática, utilizo imagens de mulheres tanto clássicas quanto modernas que possuam elementos que representam Perséfone, sendo negras ou brancas. Eu quero trabalhar com o epíteto Cornígera, eu busco uma imagem de uma mulher com chifres. Quero trabalhar com a face Koré, busco uma imagem de uma mulher cercada de flores. A cor da pele pouco influencia a minha conexão.
  • E você, o que pensa sobre o assunto? 

Representações na arte clássica

Busto de Perséfone com flor de lótus e coroa encontrado em Medma, 490-480 AEC.
Cabeça de Perséfone. Louça de barro. Sicília, Centuripae, cerca de 420 AEC. Coleção Burrell, Glasgow, Reino Unido.
Perséfone; Período Helenístico; Entre século IV a II a.C.; Dimensões: 1m e 51cm; Material: mármore.

Representações na arte moderna

In the garden of Proserpina – Henry Albert Payne.
“Proserpine”; 1874; Artista: Dante Gabriel Rossetti; Técnica: óleo sobre tela.
“Proserpina and the Sea Nymphs”; Art Nouveau; Artista: Maxfield Frederic Parrish; 1908; Técnica: óleo sobre tela
Proserpine (1885), Chantilly, Musée Condé.
Schlosspark Nymphenburg
Estátua de Armand Toussaint (cerca de 1840). A obra fica no centro de uma piscina em Holcomb Gardens, nos terrenos da Butler University, em Indianápolis, Indiana, Estados Unidos.

Representações na arte pós-modernas

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

2 × 3 =

error: O conteúdo é protegido!